segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O ASSUNTO...

Caros leitores do meu Blog, recebi o mail que a seguir transcrevo, convido-vos a ler:


MODELO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE PROFESSORES AVALIADORES

Presidente do Conselho Executivo Avalia:

- Assiduidade
- Grau de cumprimento do serviço distribuído
- Progresso dos resultados escolares dos alunos e redução das taxas de abandono tendo em conta o contexto socio-educativo
- Participação nas actividades da escola
- Acções de formação realizadas
- Exercício de outros cargos de natureza pedagógica
- Dinamização de projectos de investigação
- Apreciação dos encarregados de educação, desde que haja concordância do docente e nos termos a definir no regulamento da escola

Coordenador do Departamento Curricular: Avalia a qualidade científico-pedagógica do docente com base nos seguintes parâmetros:

- Preparação e organização das actividades lectivas
- Realização das actividades lectivas
- Relação Pedagógica com os alunos
- Processo de avaliação das aprendizagens dos alunos

FASES DA AVALIAÇÃO:

1.ª fase: Objectivos e indicadores

- O Conselho Pedagógico da escola define os seus objectivos quanto ao progresso dos resultados escolares e redução das taxas de abandono, que são elementos de referência para a avaliação dos docentes.
- O Conselho Pedagógico da escola elabora os instrumentos de registo de informação e indicadores de medida que considere relevantes para a avaliação de desempenho.

2.ª fase: Objectivos individuais

- No início de cada ciclo de avaliação de dois anos, o professor avaliado fixa os seus objectivos individuais, por acordo com os avaliadores, tendo por referência os seguintes itens:

- Melhoria dos resultados escolares dos alunos
- Redução do abandono escolar
- Prestação de apoio à aprendizagem dos alunos incluindo aqueles com dificuldade de aprendizagem
- Participação nas estruturas de orientação educativa e dos órgãos de gestão da escola
- Relação com a comunidade
- Formação contínua adequada ao cumprimento de um plano individual de desenvolvimento profissional do docente
- Participação e dinamização de projectos

Nota: Na falta de acordo quanto aos objectivos prevalece a posição dos avaliadores

3.ª fase: Aulas observadas

- O coordenador de departamento curricular observa, pelo menos, três aulas do docente avaliado em cada ano escolar
- O avaliado tem de entregar um plano de cada aula e um portfólio ou dossiê com as actividades desenvolvidas

4.ª fase: Auto-avaliação

- O professor avaliado preenche uma ficha de auto-avaliação, onde explicita o seu contributo para o cumprimento dos objectivos individuais fixados, em particular os relativos à melhoria das notas dos alunos
- Os professores têm de responder nas fichas de auto-avaliação a 13 questões (pré-escolar) e 14 questões (restantes ciclos de ensino)

5.ª fase: Fichas de Avaliação

- O presidente do conselho executivo e o coordenador do departamento curricular preenchem fichas próprias definidas pelo Ministério da Educação, nas quais são ponderados os parâmetros classificativos
- Os avaliadores têm de preencher uma ficha com 20 itens cada, por cada professor avaliado
- O coordenador do departamento curricular preenche uma ficha com 20 itens, por cada professor avaliado
- O presidente do conselho executivo tem de preencher uma ficha com 20 itens, por cada professor avaliado
- As pontuações de cada ficha são expressas numa escala de 1 a 10.

6.ª fase: Aplicação das quotas máximas

- Em cada escola há uma comissão de coordenação da avaliação de desempenho formada pelo presidente do Conselho Pedagógico e quatro professores titulares do mesmo órgão, ao qual cabe validar as propostas de avaliação de Excelente e Muito Bom, aplicando as quotas máximas disponíveis.

7.ª fase: Entrevista individual

- Os avaliadores dão conhecimento ao avaliado da sua proposta de avaliação, a qual é apreciada de forma conjunta.

8.ª fase: Reunião Conjunta dos Avaliadores

- Os avaliadores reúnem-se para atribuição da avaliação final após análise conjunta dos factores considerados para a avaliação e auto-avaliação. Seguidamente é dado conhecimento ao avaliado da sua avaliação.

SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO

- Excelente, de 9 a 10 valores
- Muito Bom, de 8 a 8,9
- Bom, de 6,5 a 7,9
- Regular, de 5 a 6,4
- Insuficiente, de 1 a 4,9

EFEITOS DAS CLASSIFICAÇÕES

- Excelente durante dois períodos seguidos de avaliação reduz em quatro anos tempo de serviço para ser professor titular
- Excelente e Muito bom reduz em três anos tempo de serviço para ser professor titular
- Dois Muito bom reduz em dois anos tempo de serviço para ser professor titular
- Bom não altera a normal progressão na carreira
- Regular ou Insuficiente implica a não contagem do período para progressão na carreira
- Dois Insuficiente seguidos ou três intercalados implica afastamento da docência e reclassificação profissional.

(in Jornal 24 horas, acessível a todos os portugueses)

Diz-se tanto que os professores não querem ser avaliados... que estão todos é a ser manipulados pelos comunistas (será que ainda comem crianças ao pequeno-almoço, como se dizia quando cheguei a Portugal, em 1976?)... que todos os outros funcionários o são e de modo rigoroso... que no sector privado toda a gente presta contas e tudo funciona, etc e tal... Pergunto: CONHECEM QUALQUER OUTRO SECTOR PROFISSIONAL QUE PASSE POR ESTE "HORROR", acima descrito? Digam-me qual... enviem-me o modelo de avaliação dos médicos, engenheiros, enfermeiros, jornalistas, ministros, economistas, gestores (do BPN, por exemplo), supervisores, carpinteiros, coveiros... seja lá o que for que seja IGUAL ao que querem fazer aos professores!!! Digam-me que profissão tem de escrever SUMÁRIOS exaustivos do que faz em cada hora de trabalho (os enfermeiros, por exemplo, no fim do turno têm de escrever registos, mas depois não levam trabalho para casa)... que tem de ELABORAR portefólios completos de TODA a sua actividade... e que TEMPO é que resta para fazer aquilo para que existe, que, no caso dos professores, é (devia ser) PREPARAR E DAR AULAS! Enviem-me, por exemplo, o modelo de avaliação que avaliou a ministra Maria de Lurdes Rodrigues enquanto foi professora... antes de ser socióloga... ou, enquanto tal, enquanto foi professora no ISCTE! Existe esse modelo... ou na altura ela era CONTRA o que agora FAZ?! Enviem-me o número de pessoas que trabalham no Ministério da Educação e que JÁ FORAM AVALIADAS! Não sabem?! Que tal investigarem? Hein? Dá muito trabalho? A Ministra vai responder como a colega da Saúde? Pois é... pois é... E ainda há gente por aí a achar que os professores são derrotistas e que não querem ajudar o país a avançar?!... Tssssss... tsssss..... Pois eu digo: ASSIM NÃO SE PODE SER PROFESSOR! DEIXEM-NOS ENSINAR!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOS PROFESSORES

Ontem, quando voltava de um dos domicílios que faço nos montes do Concelho onde exerço funções, fiz zapping na rádio e ainda fui a tempo de ouvir um programa onde se pedia a colaboração dos ouvintes para darem a sua opinião sobre a avaliação dos professores. Apesar de não ser uma rádio que oiça habitualmente, como o tema me interessava fiquei a ouvir, com as expectativas muito altas. Cedo me arrependi. O que ouvi deixou-me, no mínimo, com vergonha, medo, receio que alguém soubesse que eu pertencia à classe profissional dos professores e passo a explicar.
Todas as pessoas que ligaram e falaram em directo, reflectiam claramente a campanha que o nosso Governo tem feito para denegrir a imagem de centenas de professores que com sangue têm desenhado as páginas da educação do nosso país. Apela-se ao que de pior há dentro de nós, a uma capacidade mordaz que o ser humano tem de atacar quem mais luta por si, a seu lado, quem sempre o ajudou a ser melhor e a ir mais além. Neste momento, perdoem-me, faz todo o sentido a expressão popular "cão que não conhece o dono".
Ouvi comentários irreais e que não respondiam de todo à questão colocada na rádio. As pessoas que ouvi começavam por dizer que achavam bem que os professores fossem avaliados. Até aqui nada de transcendente. Sempre fomos avaliados e ainda ninguém me convenceu que este modelo agora proposto é melhor que o anterior. Um aparte, que eu me lembre a função pública em geral era avaliada num sistema de "cruzinhas" em que o chefe dizia de sua justiça e fundamentava a sua avaliação junto do avaliado. Pressupunha auto avaliação, também, e a avaliação final era da responsabilidade do chefe. Os professores faziam um relatório do seu trabalho, de todas as actividades desenvolvidas e uma reflexão crítica sobre o mesmo. Ficava um documento com o registo do trabalho. Aconselho quem estiver interessado a consultar um desses documentos para verificar a riqueza da acção, da intervenção, da articulação e do impacto na comunidade educativa de cada professor. Uma equipa designada pelo conselho executivo atribuia uma menção.
Hoje temos um modelo que não premeia o mérito, simplesmente porque existem quotas para a atribuição da menção de Muito Bom e Excelente. Logo aí... o mérito não vai ser premiado. Por favor, será que não percebem o que significa a existência de quotas? as movimentações, as desconfianças, as injustiças e a falta de clareza em todo o processo...
Voltando ao programa de rádio. Ouvi um senhor que se queixou de um professor que há 30 anos discriminava, segundo ele, todos os alunos que moravam em determinado bairro (no qual ele residia) e por esse motivo concordava que os professores deviam ser avaliados. Ouvi um senhor que ligou a dizer que tem uma vizinha que é professora e que passa a vida em casa de atestado, porque tem um marido que é médico. Questionou o desempenho dos seus alunos, uma vez que a professora faltaria muito. Por isso defende veementemente que os professores devem ser avaliados. Ouvi uma senhora que disse que uma professora, há 20 anos, prejudicou a filha num exame e esta não terá ido para o curso que quis porque a professora não mudou a nota do exame. Por isso defendia que os professores deviam ser avaliados, na medida em que um professor não pode prejudicar a vida de uma pessoa assim.
Não ouvi mais nada. Porque cheguei a casa, 1 hora depois do meu horário de trabalho, no qual não recebo horas extraórdinárias e ainda tinha de ir fazer o almoço para a minha filha.
Lamento não ter ouvido as histórias boas de professores que por esse país fora deixam as suas famílias para poderem exercer a sua profissão. Que ficam nas escolas para lá do seu horário de trabalho para bem dos alunos. Dos professores que se envolvem na comunidade educativa e desenvolvem projectos, às vezes contra tudo e contra todos, para o bem dos seus alunos. Dos professores que ajudam os seus alunos a serem pessoas melhores. Que chegam a casa e depois de tratar dos filhos e da casa continuam o seu trabalho pela noite fora para preparar aulas, reuniões e corrigir testes. Lamento não ter ouvido falar de tantos colegas que conheci ao longo da minha carreira, e até de mim, porque não. Depois de tanto nos entregarmos de corpo e alma, das lágrimas, dos sorrisos, das lutas, das conquistas, de sermos avaliados constantemente por alunos, pais, conselhos executivos, colegas, auxiliares, poc's, estagiários, vizinhos das escolas, ministros, outros profissionais...restar apenas o vazio de não fazer nada...restar apenas a ideia de que não queremos ser avaliados...é no minimo triste, humilhante. Por mim, apetece-me chorar.
Resta-me apenas um último desabafo: uma governo que não investe na educação, na saúde, na justiça e na defesa dos cidadãos e que denigre a imagem de todos os profissionais destas áreas, pretende construir uma sociedade de que tipo? Uma sociedade sem regras? sem respeito pelo próximo? Uma sociedade em que não se respeita o papel que cada um tem nesta sociedade? Em que não se valoriza o esforço de cada um? Vale a pena pensar nisto.


segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Depeche Mode - 11/07/2009 - Porto


Tour the Universe 2009. Eu Vou? :) ou... :( ...