quarta-feira, 13 de março de 2013

Espaços vazios


Pela força do braço e das mãos trémulas fui construindo paredes que se transformaram em muros altos. De tão empenhada em afastar de mim todas as incertezas, duvidas, medos, angustias, fracassos, desilusões...os muros subiram e envolveram-me, deixando espaços por entre os quais, às vezes, os raios de luz me tocavam. Toque breve em que o calor do seus raios me impelia a derrubar um bocado da parede para que todo o sol me pudesse tocar. Mas o sol punha-se em cada dia e o raios de luz seguiam com ele, deixando-me só. Os dias sucediam-se intensos e breves, até que de mansinho, muito devagar, sem aviso, sem que o esperasse, os espaços do meu muro começaram a ser preenchidos de sol quente e cheio de luz e esses espaços por preencher dos muros construídos à pressa, começaram a ceder e a empurrar a parede que começara agora a desmoronar para deixar entrar todo o sol do universo. Os meus braços que fraquejam e as minhas mãos ainda mais trémulas podem agora descansar por algum tempo...

De onde vieste tu? *


" De onde vieste tu? dou por mim a sonhar contigo, efetivamente, não quando estou acordada, mas quando durmo. Acordo atordoada pela intensidade das imagens e das sensações. Nem fazias parte da minha vida, ou fazias por outras vias,  ouvi histórias sobre ti com outras pessoas, essas sim fazem parte da minha vida. As tuas palavras começaram a chamar-me e o teu sorriso começou a sorrir para mim. Passaste por mim como o vento passa, em breves rajadas, sempre breves. Comecei a escutar-te ao longe. Comecei a querer que me escutasses. E a tua voz começou a fazer parte da minha vida. Comecei a espreitar-te todos os dias e a sorrir quando me sentia espreitada também. Comecei a procurar nos teus passos algum que se orienta-se em direção aos meus. E bolas, sonhei contigo. Sonhei que nos encontrávamos por acaso e nesse dia decidimos fazer um monte de coisas juntos, e rimos, e brincámos, e andamos por ai de carro, depois na praia, depois a pé no areal até longe, muito longe. Senti o sol na minha pele e a nossa conversa fluia como se sempre nos tivessemos conhecido, ou na ânsia de nos conhecermos melhor. Voltamos para trás e no regresso já vinhamos abraçados, de mão dada, apenas isso. Lembro-me que rimos muito. O sol pôs-se e iamos cada um para o seu lado, ainda houve um convite para jantar e uma resposta de "porque não". Levaste-me para uma casa, não me recordo onde e disseste que ias tomar banho. Esperei por ti  numa sala, onde a lareira estava acesa. E fechei os olhos por breves momentos. Quando os abri tu estavas nu à minha frente, de mão estendida à procura da minha. Lembro-me de ter mordido o meu lábio, de ter corado, de toda eu ter corado, mas "porque não?" e estendi a minha mão em direção à tua. Caramba o meu sonho foi mesmo quente. De onde vieste tu, para apareceres assim no meu sonho? " in, Pedaços de Mim, AM

sábado, 9 de março de 2013

Hoje tudo me dói.



Hoje tudo me dói. Há dias assim...recordo um tema que um querido amigo escreveu para o Festival da Canção, uma canção lindissima que ganhou e que foi representar Portugal na Eurovisão. Sim, há dias assim e hoje tudo me dói. Dói-me alma, o corpo, a voz, os sonhos, as lembranças. Doiem-me coisas que tento anestesiar, sentimentos que tento desvalorizar e aceitar com serenidade...aceitar com serenidade. Dói-me estar só, sempre só, infinitamente só. Dói-me não ser a preferida, a escolhida, a adorada. Dói-me entender, não ser entendida, dói-me a vida, dói-me a morte, dói-me a solidão, dói-me respirar. Dói-me ser ultrapassada pelo dinheiro, pelo tempo, por tudo e ficar sempre para trás. Dói-me ser ignorada, não ser amada, verdadeiramente amada, dói-me não ser nada e estar aqui parada, sempre à espera, sempre à espera, sempre à espera de nada. Doiem-me as lágrimas que caiem do meu rosto e me transformam em mar, doiem-me a palavras que calo, as palavras que saiem. Hoje tudo me dói...e mesmo assim estou aqui, sempre aqui, insistentemente aqui...só.

terça-feira, 5 de março de 2013



Abraça-me simplesmente, porque o mundo pára sempre que me tocas. As dores de corpo e alma deixam de existir e os dias cinzentos transformam-se em luz intensa. Acompanha o teu abraço com as palavras que só tu sabes dizer e sorri-me porque o teu sorriso ilumina todo o universo.

domingo, 3 de março de 2013

Flor singela


Singela é a flor que timidamente depositaste no meu peito. Suavemente emana o perfume da saudade de ti e mantém-se viva pelas recordações do teu toque e do teu olhar. Com ela, os dias tornam-se suportáveis e por ela a vida flui como algodão que sobe no ar sem barulho e sem a ansiedade de seguir um rumo certo. Singela é a flor que, florindo em mim, aguarda pacientemente que a venhas regar, vibrante de cor, de cheiro e de vontade de renascer.

A resposta



Pela terceira vez perguntas-te o que tinha visto em ti. A tua terceira tentativa de resposta acionou em mim a resposta que querias e que eu tardava em dar-te. Sabes, a vida ensinou-me a responder apenas ao que as pessoas querem verdadeiramente saber. E agora, sei que queres mesmo que te responda. Nunca quis transcrever nenhuma canção porque nada do que foi dito é suficiente para justificar porque olhei para ti. Vi o teu coração, mas apenas porque tu viste o meu. Vi o teu sorriso ao mesmo tempo que viste o meu e sorri para ti ao mesmo tempo que sorriste para mim. Olhaste para dentro de mim, antes de me olhares. Ansiaste tocar a minha mão antes mesmo de saber se ela encaixava na tua, talvez já adivinhando o perfeito encaixe que iria acontecer. Leste a minha alma e coloriste as minhas noites antes mesmo de colorires os meus dias. Tornaste os dias mais claros, mais coloridos, mais leves de se viver. Tornaste as minhas noites menos solitárias, porque agora levo-te comigo no meu sonho, no meu sono. Preencheste com toque, com cheiro, com pele, com sorrisos, vozes, o vazio que crescia numa parte de mim. Abraçaste-me de tantas maneiras, antes mesmo de me abraçares. Dei por mim a querer partilhar coisas contigo. E, principalmente, tocaste a minha alma, e isso sim é algo que nunca me vou esquecer. A partir desse momento olhei para ti. A partir desse momento soube que ia olhar sempre para ti, não importa o caminho que ainda percorra, nem importa se fico no caminho ou se o percorro até ao fim. Em tudo te vou ver sempre. Em tudo te vou procurar sempre. Em tudo te vou encontrar sempre...

Palavras Doces


As tuas palavras doces gravo-as, quero que permaneçam, que me aqueçam nas noites que arranco aos dias. Digo-as baixinho, pausadamente, mastigo-as, absorvo-as e sinto a doçura escorrer pelo meu corpo e invadir a minha alma. Oh palavras doces que me alimentam, que me matam a fome de amor, que me engrandecem na pequenez que sempre me acompanhou. Quero devolver-te em doçura a ternura da tua voz quando sussurras o meu nome, fazendo estremecer o meu corpo. Quero inventar palavras doces para ti. Quero permanecer doce na tua boca e rever-me nas palavras doces que ainda tens para mim, porque é na doçura das tuas palavras doces e ternas que me perco e fico em silêncio, à espera de te ver, de te tocar, de te sentir, de viver.