quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Entardecer


Sim...finalmente sinto o entardecer...
 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Flutuo




Levas-me a alma meu amor e quando por breves momentos te toco, enlaças o meu ser, a tua voz ecoa em mim, flutuo e pairo no ar leve de te saber ai. Quando um dia passa e nada sei de ti, perco-me na loucura de te procurar em cada som, em cada brisa e esperar que apareças no crepúsculo do anoitecer. Levas-me a alma meu amor quando te apartas de mim e segues estrada fora o teu caminho e eu navego nas ondas do mar livre por te sentir ai. E quando um dia passa e nada sei de ti, perco-me na ansiedade de te esperar em cada esquina, em cada lugar e esperar que me aqueças na noite longa e dura que teima em regressar.

domingo, 1 de dezembro de 2013

O domingo de Maria


São 6h20, a Maria acordou. Olhou ainda tremula o telemóvel, focando o visor à procura da hora certa, sim, eram 6h20. Que dor de cabeça sentia, levantou-se e sentiu o frio a apoderar-se de si, cambaleou até à cozinha e tomou a custo dois comprimidos. Regressou à cama, ainda poderia descansar mais um pouco, assim que a dor de cabeça passasse. 8h20, olhou o telemóvel. Lá fora as crianças já andavam levantadas, os sons misturavam-se, a televisão acesa, uma das suas filhas cantava alto, os outros dois conversavam e disputavam entre si o canal que queriam ver. Maria conseguia ouvir o zapping, a passagem de canal em canal, conseguia ouvir a discussão e a canção que ecoava no ar. Tentou levantar-se mas a dor de cabeça ainda a atormentava, passo lento e tremulo conseguiu ir à casa de banho, depois foi espreitar as crianças. Eram 9h40, pediu para não cantarem, por favor, porque estava com dor de cabeça, pediu para baixar um pouco o volume da televisão e voltou para a cama. Ninguém lhe levou um chá e uma torrada para acomodar o estômago já cheio de analgésico. Que enxaqueca avassaladora, com direito a tontura e a vómitos, deixou-se ficar quieta debaixo dos lençóis na sua cama agora gelada.
Caiam mensagens no telemóvel, mensagens que queria responder dando respostas mais elaboradas, mas simplesmente não conseguia, queria ser capaz de se levantar e ir aproveitar o sol que fazia lá fora, mas não estava a conseguir, a dor de cabeça não a deixava. Agora outro problema se levantava, o almoço, Maria não descongelou nada para o almoço, também não tinha vontade de fazer nada. A semana foi intensa, muito trabalho, muitas preocupações, muito para fazer. Também não tinha ninguém que a substituísse nessa tarefa. Eram 11h35, levantou-se por fim. As crianças ainda não tinham parado de fazer barulho, barulho que hoje ecoava na sua cabeça. Tinha vómitos e a dor de cabeça não a deixava. Tentou combinar como se ia fazer para o almoço, e a opção trazer comer do pronto a comer pareceu a melhor. Entretanto tomou mais dois comprimidos, tomou banho e vestiu-se. Estendeu-se em cima da cama enquanto os filhos se despachavam, mas adormeceu uma hora. Já eram 14h e Maria decidiu sair e ir ao Mac Donald's com as crianças, era algo que as faria feliz e resolveria o seu problema do almoço. Se lhe perguntassem se o queria ela responderia que não, neste domingo queria apenas poder ficar deitada, sem luz, sem barulho, sem ser responsável por ninguém, porque a enxaqueca estava a dar cabo dela.
Foram almoçar. A filha lembrou que Maria teria de a levar a casa de uma amiga para fazer um trabalho de grupo e à pressa todos se aprontaram a ir. Regressada a casa, conseguiu descansar por breves momentos, interrompidos, sempre interrompidos por barulho, por barulhos...e era hora de ir buscar a filha, traze-la a casa para que se vestisse novamente e levar, as duas filhas, a um supermercado da zona para colaborarem na recolha de alimentos do Banco Alimentar, mais uma  atividade dos escuteiros. Esperou por elas. Voltaram para casa. A cabeça da Maria tinha dado tréguas e conseguiu dedicar-se ao jantar. A Maria agora deve estar à espera que os filhos adormeçam, a dor de cabeça voltou...

Existo

Apenas quando me olhas
eu sei que existo.
Apenas quando me tocas
eu sinto bater o coração.
E se desvias o teu olhar
para me ver...
E se páras um segundo
para me ligar
E se falas de mim
em algum lugar
E se ocupas as folhas
com palavras bonitas
E se essas palavras
têm o meu nome
Então eu sei que existo
e o mundo inteiro é pequeno
para sentir o pulsar
do meu coração.