quarta-feira, 20 de junho de 2012

Insignificante...





Tu percorres um caminho longo. Segues em frente, mesmo que caias ou não te equilibres muito bem. Às vezes pensas, por breves momentos, que és importante, tens valor e mereces andar por cá. Sorris e passas alegre pela vida. Todos riem contigo e tens aquela sensação de felicidade que te entorpece e dá a falsa sensação que naquele momento está tudo bem.
Um dia acordas triste e sentes-te só. Pensas que tens de fazer algo para arrancar de dentro de ti essa chama que te corroi. Mascaras com sorrisos vãos, com conversas ocas e idas e vindas sem sentido para lugar nenhum. Pareces o vento que vai e vem e parece não sair do lugar. Sentes-te louca. Tentas soltar essas cordas que te prendem e dás contigo a apertar mais os nós. Contas as horas, os minutos para aquele momento em que vais entregar-te à vida e esquecer tudo o resto. Organizas a tua vida, o teu dia e esperas pelo momento em que o céu se vai unir à terra e vais gritar de felicidade. Corres. Fazes. Dizes. Imaginas e já louca de tanta vontade de explodir, tens de parar, implodir, sufocar, reprimir. Fingir.
Terminas o teu dia com a noção da verdadeira dimensão do teu ser. És grão de areia num imenso oceano. Aquele grão que todos pisam dizendo amar e admirar. Escondido no meio de outros grãos e que ninguém repara sequer que lá está, completamente coberto de oceano e que umas vezes fica a descoberto e outras completamente submerso. Sentes quão insignificante és. Ninguém desvia o seu caminho só para te olhar, embora muitos gostem de te ver ao passar. Ninguém conta as horas, os minutos para aquele momento em que se vai entregar a ti. E outra vez pareces o vento que vai e vem e parece não sair do lugar. Sentes-te louca. Tentas soltar essas cordas que te prendem e dás contigo a apertar mais os nós.
E baixas a cabeça. Recolhes ao teu leito com os teus olhos molhados. Das voltas e voltas até que adormeces cansada, sabendo que daqui a pouco amanhece o dia...