quarta-feira, 5 de junho de 2013




Gostava que olhasses para mim e me visses, disse ela quase a medo. Baixou os olhos e saiu. Ele ficou parado uma eternidade e a medo percorreu o caminho, agora mais distante, até ela. Não queria dar esse passo, mas o seu corpo cedia, continuava ali a tentar alcança-la. Ela seguia firme sem olhar para trás. Num último esforço a voz soltou-se e gritou o seu nome, ecoando na noite um arrepio de sentidos. Estendeu a mão e convidou-a a ficar. O luar iluminou a noite e a paixão transformou-se em constelação. Os corpos uniram-se e as almas abraçaram-se.




Eu sou areia que escorrega por entre os dedos e pássaro que voa sem hora marcada. Vivi muito tempo em gaiola fechada e agora descobri os prazeres do voo livre. Se gostas de voar vem voar comigo, se gostas de mar vem mergulhar comigo, se gostas de dançar eu danço contigo. Talvez permaneça por aqui, por hoje, mas amanhã posso já não estar cá. Conduz-me o vento, comanda-me o pensamento. Sou impelida pelo sol, pela lua, pela intensidade.