domingo, 18 de novembro de 2007

"O Principezinho"

Parte 2

(...)
Mas, retomando a sua ideia, a raposa prosseguiu:
- A minha vida é monótona. Caço galinhas e os homens caçam-me. Todas as galinhas se assemelham e todos os homens se assemelham. Por isso aborreço-me um pouco. Mas se tiveres intimidade comigo, a minha vida encher-se-á de sol. Passarei a distinguir o ruído de passos diferentes de todos os outros. Os outros passos fazem-me esconder debaixo da terra. Os teus, como uma melodia, convidar-me-ão a sair da toca. E depois, olha! Vês além os campos de trigo? Eu não me alimento de pão. O trigo, para mim, nada presta. Os campos de trigo nada me evocam. E isto é triste. Mas o teu cabelo é da cor do ouro. Se tiveres intimidade comigo, será maravilhoso. O trigo loiro far-me-á lembrar de ti. Apreciarei o sussurar do vento por entre os trigais...
(...)
- Só se conhece aquilo com que se tem intimidade - comentou a raposa. - Os homens deixaram de ter tempo para conhecer seja o que for. Compram coisas feitas aos vendedores. E como não há vendedores de amigos os homens já não têm amigos. Se quiseres ter um, tem intimidade comigo!
- Que hei-de fazer?-perguntou o principezinho
- Precisas ser muito perseverante -explicou a raposa. -Ao princípio, sentas-te ali na erva, um pouco longe de mim. Espreitar-te-ei pelo canto do olho e tu nada dirás. A linguagem é fonte de mal entendidos. Depois, dia a dia, vens sentar-te um bocadinho mais perto...

Um comentário:

Anônimo disse...

Demoraste tanto tempo a chegar à parte 2 que o “Principezinho” nesta altura já deve ter filhos. A este ritmo, quando chegar a 3já deve ser avô e a raposa já está com parkinson eh eh eh. E olha que tudo isto é dito por alguém demasiado preguiçoso para ter um blog ;-)