domingo, 26 de abril de 2009

Sê bem vindo à vida meu amor!



Amanha nasce o meu 3º filho. Desta vez um menino que vem fazer companhia a 2 manas lindas e maravilhosas. Estou em estado de graça, como se de repente eu tivesse uma oportunidade de começar de novo. É certo que nos dias de hoje é necessário ter coragem para pôr filhos neste mundo caótico e cheio de incertezas no futuro. Mas o anúncio de um novo nascimento, dá-me forças para acreditar que a vida continua e pode renascer em cada momento. Para mim vai renascer na vinda de mais um amor incondicional, esse amor que sinto pelas minhas meninas e que vou continuar a sentir pelo meu menino. Enquanto eu viver vou viver para eles. Sê bem vindo à vida meu amor!

25 de Abril


A minha filha perguntou-me hoje em que ano aconteceu o 25 de Abril. Ela anda no 5º ano, e supostamente, na minha cabeça, ela deveria saber esta informação. Eu sou detentora desta informação desde os 5 anos de idade. Devido à importância da data, os meus pais nunca deixaram morrer este acontecimento e todos os anos voltavamos a falar do que tinha acontecido naqueles dias de Ditadura que culminaram no 25 de Abril. Eu própria cultivo a memória do 25 de Abril com as minhas filhas, mas estou sozinha nesse papel, percebo agora que essa data não foi suficientemente importante para que a ESCOLA explique às novas gerações a importância da data para as vivências de hoje.
Pelas notícias que vejo diariamente nos Media, percebo agora que tudo é importante relativo a esse período: dar o nome de Salazar a uma Rua de Santa Combadão, fazer um Museu a Salazar, levar os amigos do Prof. Marcelo Caetano a um programa de tv...excepto dar voz a quem viu calada a sua voz, a quem morreu e foi torturado em nome de uma liberdade que hoje alguns usam para fazer o elogio de quem calou centenas de vozes, censurou centenas de livros e atentou contra a cultura da nossa Nação.
Estou triste e, filha, o 25 de Abril aconteceu em 1974 quando a mamã tinha 5 anos.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

"A Filha do Capitão" - José Rodrigues dos Santos

…E havia ainda aqueles fadados para a tragédia, os amores que se encontravam e cedo percebiam que o encontro era afinal efémero, furtivo, um mero sopro na corrente do tempo, um cruel interlúdio antes da dolorosa separação, um beijo de despedida no caminho da solidão, a alma abalada pela sombria angustia de saberem que havia um outro percurso, uma outra existência, uma passagem alternativa que lhes fora para sempre vedada. Esses eram os infelizes, os dilacerados pela revolta até serem abatidos pela resignação, os que percorrem a estrada da vida vergados pela saudade do que poderia ter sido, do futuro que não existiu, do trilho que nunca percorreram a dois. Eram esses que estavam indelevelmente marcados pela amarga e profunda nostalgia de um amor por viver…