1958-2009
Ontem à noite quando ouvi a notícia da morte do grande Michael Jackson, fiquei sem palavras. Algo dentro de mim quebrou também. No meio de tantas emoções que tenho vivido, aquela notícia teve um efeito avassalador em mim. Percebi a fragilidade da vida naquele momento. O Michael Jackson fascinou-me sempre pela entrega à carreira, pela criatividade das suas produções, pela energia que transparecia em tudo o que fazia, pela competência como artista completíssimo, pela alegria e força em palco. No tempo em que não havia Youtube, nem canais cabo, eu esperava ansiosamente por um novo teledisco nos canais portugueses e depois rezava para os poder ver repetidos. Vivi a emoção de ouvir o album Thriller vezes e vezes sem fim. Lembro-me de tentar (infelizmente sem muito sucesso) imitar alguns passos. Adorava vê-lo dançar. Na minha opinião ele dançava com todo o corpo, atrevo-me a dizer que a música entrava nele e até podiamos ver a sua alma a dançar.
Recordo força que ele tinha como artista e a fragilidade que demonstrava quando dava entrevistas, a sua voz tremia, o que não acontecia em palco. Confesso que não liguei ao que diziam da sua vida privada e irritava-me quando era a sua vida privada que era notícia em vez da sua genialidade. Que sociedade esta, meu Deus, que esmaga a genialidade e a competência.
Dancei muito ao som das músicas do Michael Jackson, cantei-as. Tive um amigo que o adorava, o Miguel Lopes, que será feito dele? Ahhh e eu vi o Michael Jackson, de muito perto, a 1 metro, na minha Lua de Mel em Fevereiro de 1996, quando ele foi ao Rio de Janeiro gravar um video clip numa favela. Fiquei alojada no Hotel Rio Palace em Copacabana, no 4º piso e ele ficou no 7º piso, numa das saidas dele do Hotel, eu estava lá e vi-o. Portei-me bem, mas houve uma fan que para lhe tocar deu um salto extraordinário, depois correu rua fora a gritar " toquei no Michaellllll". Viu-o também quando foi à janela acenar à comunicação social que se deslocava de helicóptero à frente do hotel. E quando ia à janela acenar à multidão que se encontrava à porta do hotel e gritava toda a noite (para mal dos meus pecados) "acorda Michaellllll" (isto com o sotaque típico do brasil).
Confesso que sou um pouco dada a sensibilidades e costumo respeitar o que sinto por uma pessoa, mesmo quando todas as outras dizem o contrário, e eu via o Michael Jackson como uma criança grande, logo, pura, inocente, criativa e empenhada em viver a vida. Adorava o lado dele infantil, de fan de super herois, de parques temáticos, de amigo de animais, respeitador dos direitos humanos e das diferenças. A sua casa Neverland cativava-me, porque adoro a história do Peter Pan. Adorava o lado dele de artista. Tinha carisma. Dançava demais, cantava demais, coreografava demais e vestia-se demais. Transpirava o amor/paixão por aquilo que fazia e faz-me confusão como há quem não visse isso independentemente de tudo o resto. 45 anos de carreira, caramba...um feito e ainda tinha muito para nos dar.
Descansa agora em paz e obrigado por tudo o que fizeste para entreter-nos. Agora já ninguém te pode fazer mal. Até um dia...