domingo, 30 de setembro de 2012

Sonhos pedaços de corpo


Os sonhos são pedaços de corpo e de alma que se perdem de nós. Pedaços livres, autónomos, inconscientes e com vida própria, que se libertam do nosso Ser e vão onde nós não podemos ir. Deixamo-los ir sob pena de nos vermos aprisionados naquilo que fizemos de nós e que já não conseguimos recuperar. Pelo sonho recolhemos a água que nos mata a sede de desejo e bebemos cada gota com a maior intensidade que conseguimos impor num ato de loucura e impulsividade extrema. O sonho não está sujeito a censura, nem a regulação de volume, quantidade, intensidade, o sonho tudo pode.
Tem vida própria e, às vezes, é ele a própria vida. O sonho é nosso, e toda a emoção é nossa, ato egoísta, êxtase, horizonte sem fim, banho quente, arrepio frio, um cubo de gelo a deslizar, orgasmo múltiplo, vício, espécie de febre, suor, coração a explodir, prazer supremo...que se prolonga até acordarmos. Mas ao contrário de tudo o que acaba, o sonho pode sempre ser repetido infinitamente, para sempre, todas as vezes que adormecermos, antes do sono final.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Uma espécie de dor...

Hoje "passei" por vários assuntos com as pessoas que partilharam o meu caminho, ao longo do dia. Não sei se por coincidência ou se por mero acaso, o tema solidão foi recorrente. Talvez porque me sinto sozinha há tempo demais. Quem me conhece sabe que vivo rodeada de gente, de filhos, de colegas de trabalho, colegas da Universidade, amigos da rádio, amigos do ginásio, amigos da escola, amigos de amigos, de Facebook, de Hi5, da Oriflame, dos Depeche Mode, amigos que estão perto, amigos que estão longe, de recordações, de imagens, não seria, portanto, espectável que me sentisse só. Mas esta é a realidade. E hoje a solidão começou a apertar ainda o sol não se tinha posto, ainda me distraia no terraço do Hotel, acompanhada, e já me sentia absolutamente só. São 23.30 e está difícil. Já fiz de tudo, já li, já ouvi música, já fiz jantar, já arrumei a cozinha, já pus os miúdos a dormir, já lhes dei mimos, já fiz café, já o fui beber para a minha varanda, e a mesma sensação de vazio permanece. 

E aqui estou, só. A falar comigo, a desabafar comigo, a sentir falta de algo que jurei não querer sentir mais, do calor de ter alguém aqui ao meu lado onde me possa aninhar e adormecer. Onde me possa aninhar e me queira ouvir. Onde me possa aninhar e partilhar o dia, o sonho, a vida, o mundo. Alguém que me toque a pele, a alma e me faça sentir viva, alguém que sinta a minha falta e queira estar aqui comigo também. Dizem que a solidão dói e, hoje, só hoje...sinto uma espécie de dor tão grande...que mal consigo respirar. Depende apenas de mim, mas nem sequer consigo buscar companhia só por buscar...