Sinto-me insana. Que loucura é esta que me coloca nesta posição de nada querer, de nada me satisfazer, de nada me acalmar, de nada me puxar para a vida? Acordar de repente e todas as manhãs ter de enfrentar o novo dia de forma compulsiva, obrigatória e saber que será mais um dia igual aos outros, tortuoso, amargo, dificil de ultrapassar. Sentir-me assim hora após hora, segundo após segundo e sentir cada momento intensamente...queria adormecer...e ficar assim privada de todos os sentidos, não sentir esta dor imensa. Por momentos agarro-me a tudo para sair desta tortura e penso em tudo o que me pode retirar desta morte em vida, recordo, revivo, chego a tocar a raiva, sim tocar a raiva seria uma saida, mas logo a seguir não consigo aí permanecer e volto a cair vertiginosamente no vazio, na solidão. Converso com quem se digna a ouvir-me, tento encontrar as imagens que me podem retirar daqui, imagens que se desfazem diante de mim e não permanecem. O alimento não me satisfaz, as responsabilidades tornam-se prisão, o dia queima-me a pele, a noite gela-me o corpo, o pensamento voa descontroladamente. Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii alguém me dê a mão e não me deixe cair assim tanto, tão fundo, porque eu não tenho forças sozinha. Quem me dera despojar-me de mim, disto que eu sou, deste corpo cansado, desta alma sempre amargurada, destes olhos enrugados, desta boca com sede e sentir uma vez, apenas uma vez, que sou alguém para outro alguém e não apenas um acessório, um objeto, um veiculo, um adorno, um lixo. Que sou desejada, amada, sem fingimentos, apenas por aquilo que sou e por aquilo que dou. Que bom seria adormecer...já nem é por ti que estou assim, mas por aquilo que me tornei por teres passado por mim...por terem passado por mim... e consumido todo o meu ser. Sinto-me vazia, sem chão, sem sonhos, sem luz...completa insaninade.
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