Os prazeres da vida estão nas pequeninas coisas. Nas minhas reuniões com pais das crianças que apoio, fico sempre sensibilizada com a capacidade que estes têm de gerir emoções, de contornar situações e de operacionalizar estratégias no meio do caos que certas vidas se tornam por causa das dificuldades desenvolvimentais e/ou comportamentais dos filhos. Hoje foi um desses dias. Deixo-os falar, oiço-os. Penso que hoje a grande dificuldade é deixarmo-nos estar e apenas ouvir o outro. Temos tanta necessidade de falar de nós que deixamos o outro em silêncio ou a falar sozinho. As crianças na escola não ouvem o professor, a escola não ouve a família, a família não ouve a escola, cada vez há menos espaço para ouvir. Nos recreios, nas salas de aula, vivenciamos um concurso de quem fala mais alto para se fazer ouvir. Estamos a criar gerações de egocêntricos, de pessoas cheias de certezas, que não colocam nada em causa e raramente têm dúvidas. Ora o mundo só avança no resultado de dúvidas, de hipóteses que se levantam e se comprovam ou rejeitam, na discussão de ideias e ideais. Hoje senti prazer numa pequena coisa: OUVIR. E claro, tive concerteza de dar a minha opinião técnica, porque também é isso que esperam de mim, que ajude a encontrar uma luz no fundo do túnel. Reforço esta ideia, que ajude simplesmente, porque o caminho cada um tem de percorrer o seu, não necessariamente sozinho.
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