Como conseguimos viver sem acreditar? Refiro-me ao acreditar no outro, não num sonho ou numa concretização, mas acreditar que o outro estará frente a nós de forma transparente e honesta. Vivo os meus dias a fugir das pessoas e ao mesmo tempo a querer estar no meio delas. Vivo os meus dias a querer apenas ouvi-las e ao mesmo tempo a querer gritar e pedir socorro, abrigo, abraço, conforto. Quando dou por mim a dar um passo no sentido de me entregar e viver intensamente uma nova amizade ou um novo amor caio no mais profundo abismo da incerteza de não ter percebido qual a sua verdadeira intenção na aproximação.
Adormeço sozinha. Deambulo pelo sonho e vagueio por ai toda a noite, percorro o universo e aqueço-me de sensações únicas e inesquecíveis mas acordo fria e só, de rosto molhado e cansado.
O meu corpo é meu, pertence-me. Não quero que o uses, não quero usa-lo para dar prazer a alguém, quero usa-lo para nós, para voarmos os dois e adormecer num encaixe perfeito sentindo-me feliz. Quero que me aqueças e ampares, ver a tua face ao adormecer e beijar o teu rosto ao acordar. Não quero ver rostos sem face a passar no meu leito, nem vozes sem som a sussurrar ao meu ouvido. Não quero sentir o perfume estranho na minha almofada. Como posso viver sem acreditar, quando confiar já não é possível? Cada passo que dou me afasta mais do caminho que quero percorrer. Tento adaptar-me mas em vão. Eu não sou assim, não quero ser assim..
Nenhum comentário:
Postar um comentário