quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Escuridão


Não consigo sentir mais nada para além deste sono profundo que me puxa para o infinito do meu ser. Tamanha é a tentação de lá permanecer, acordada apenas por estas lágrimas que teimam em rolar pela minha face. Com a palma da mão enxugo-as, cerro os dentes, não quero sentir-me assim. A noite pesa tanto que quase não suporto ampará-la em mim, sobreviver-lhe. Os meus passos percorrem o mesmo caminho até lá fora, uma e outra vez, provocando em mim ansiedade, raiva, irritação. Quero que a escuridão entre dentro de mim e apague tudo o que ainda se ilumina, não vale a pena a luz, não vale a pena o sol, não vale a pena sequer esperar. Sou imagem irreal, não me retenho em ninguém e ninguém sobe os muros que me rodeiam para me salvar. Também já não quero ser salva, mas também já não quero sentir mais nada, nem dor, nem prazer, nem qualquer outra emoção. Quero arrancar esta solidão de dentro de mim, cada vez se entranha mais e eu sinto-me já a perder as forças.

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