Hoje a minha filha pediu-me ajuda para elaborar um texto. Nesse texto ela teria de imaginar ser uma gotinha de água. Em conjunto, construimos o texto e eu, no cimo da minha (suposta) sabedoria) ia dando ideias elaboradas do tipo, a gotinha de água teria de ter um nome e ter um objectivo. Deveria ter um caminho ordenado e cheio de sentido, cheio de "evaporações", "ebulições", "explicações" sobre o percurso de uma gota de água e os vários estados por que passaria. Dei comigo a censurar a minha filha quando ela me dizia que não queria nome para a gotinha, que se fosse gotinha gostaria de cair no nariz de alguém para saber qual a sensação e iria viajar muito e encontrar muitas amigas gotinhas de água e juntas iriam brincar muito. Censurei também a ideia de brincadeira preferida ser a de saltar das nuvens e cair no mar, nos rios e nas terras para as regar. Depois de censurar...algo em mim fez-me parar para pensar, talvez a cara que ela fez quando percebeu que as ideias dela não eram acolhidas por mim com agrado. Apaguei tudo, ela tinha razão, todos os termos técnicos que ela tão bem conhecia e com os quais a professora teria explicado o Ciclo da Água, estavam bem assimilados. A tarefa agora era IMAGINAR, e eu não estava a permitir que a minha filha sonhasse. O resultado foi este:
"Se eu fosse uma gotinha de água
Se eu fosse uma gotinha de água gostaria de morar no Rio Tejo. Ia ser muito divertido porque teria muitas amigas gotinhas de água para brincar e podia viajar. Um dia estava em Espanha e no outro em Portugal.
Se eu fosse uma gotinha de água acordava de manhã a correr e a saltar no rio e assim que o sol quentinho aparecesse logo eu subiria no ar e ia conhecer outras gotinhas que já tivessem subido antes de mim.
Se eu fosse uma gotinha de água voaria para muito longe até encontrar um grupo de amigas que me convidassem para formar uma nuvem. E depois quando fossemos muitas a nuvem não aguentava mais e caíamos todas a rir no mar.
Se eu fosse uma gotinha de água eu poderia viajar muito, iria conhecer rios, ribeiras, o mar, riachos, o céu, as nuvens, e todos os países do mundo.
Se eu fosse uma gotinha de água gostaria de cair em cima de uma pessoa para ver qual a sensação, talvez em cima de um nariz, para fazer cócegas, também uma gotinha de água não havia de fazer mal.
Se eu fosse uma gotinha de água a minha brincadeira preferida seria a de saltar das nuvens para o mar ou para qualquer lugar onde precisassem de mim. Havia de regar os campos e ninguém ia passar sede, porque eu e as minhas amigas não íamos deixar que isso acontecesse.
Se eu fosse uma gotinha de água ia divertir-me muito, porque um dia acordava em Portugal e no outro dia já podia acordar em França e ia conhecer gotinhas de todo o mundo"
Aquilo que para mim são coisas banais, depois de OUVIR a minha filha, pude verificar que ela ,ao sonhar/ imaginar, traduziu os termos técnicos e provou ter entendido e assimilado a lição. E eu aprendi que saber ouvir é muito importante. E vi-a seguir feliz para mais um dia de escola.
Se eu fosse uma gotinha de água gostaria de morar no Rio Tejo. Ia ser muito divertido porque teria muitas amigas gotinhas de água para brincar e podia viajar. Um dia estava em Espanha e no outro em Portugal.
Se eu fosse uma gotinha de água acordava de manhã a correr e a saltar no rio e assim que o sol quentinho aparecesse logo eu subiria no ar e ia conhecer outras gotinhas que já tivessem subido antes de mim.
Se eu fosse uma gotinha de água voaria para muito longe até encontrar um grupo de amigas que me convidassem para formar uma nuvem. E depois quando fossemos muitas a nuvem não aguentava mais e caíamos todas a rir no mar.
Se eu fosse uma gotinha de água eu poderia viajar muito, iria conhecer rios, ribeiras, o mar, riachos, o céu, as nuvens, e todos os países do mundo.
Se eu fosse uma gotinha de água gostaria de cair em cima de uma pessoa para ver qual a sensação, talvez em cima de um nariz, para fazer cócegas, também uma gotinha de água não havia de fazer mal.
Se eu fosse uma gotinha de água a minha brincadeira preferida seria a de saltar das nuvens para o mar ou para qualquer lugar onde precisassem de mim. Havia de regar os campos e ninguém ia passar sede, porque eu e as minhas amigas não íamos deixar que isso acontecesse.
Se eu fosse uma gotinha de água ia divertir-me muito, porque um dia acordava em Portugal e no outro dia já podia acordar em França e ia conhecer gotinhas de todo o mundo"
Aquilo que para mim são coisas banais, depois de OUVIR a minha filha, pude verificar que ela ,ao sonhar/ imaginar, traduziu os termos técnicos e provou ter entendido e assimilado a lição. E eu aprendi que saber ouvir é muito importante. E vi-a seguir feliz para mais um dia de escola.
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