quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Angustia...

Um dia alguém entra dentro de nós de uma maneira que ocupa todo o nosso ser. Envolve-nos a alma, o coração, o corpo e faz-nos sentir especiais. Tu foste assim, entraste de mansinho e aos poucos comecei a acreditar que poderia ser feliz como nunca ninguém teria sido. Doce ilusão. Entreguei a minha vida nas tuas mãos, o meu pensamento voava para ti, os meus olhos cegaram para o mundo e só te viam a ti. O meu corpo ardia nas tua mãos e o meu peito vibrava com o teu abraço. Caminhei ao teu lado a construir um futuro, muitas vezes à tua frente para te incentivar a avançar. Outras vezes atrás de ti a orgulhar-me das tuas conquistas, a maior parte das vezes carreguei-te ao colo para te serenar e, acima de tudo, tudo fiz para te orgulhares de mim. Percorremos juntos quilómetros à procura do nosso sonho de sermos felizes, a conquistar formação e a conquistar o dinheiro para a nossa vida. Fizemos os nossos filhos felizes, fomos felizes. O menino inseguro, trémulo no primeiro beijo, tornou-se um homem cheio de certezas, capaz de me levar aos céus com amabilidade, docura, cuidado. Defendias-me de tudo e de todos, eu contigo senti-me sempre amparada. Mas a vida é deveras dura. A luta contra tudo e contra todos começou a pesar, as dificuldades não paravam de nos perseguir, as doenças, as discussões, as ausencias, a fatalidade de uma morte, as responsabilidades, tudo se uniu para nos separar. A liberdade surgiu a acenar e um de nós cedeu. Agora no meu peito apenas o vazio deixado por ti. Na minha cama o frio. No meu pensamento os dias felizes que passamos. No meu olhar as lágrimas que não cessam de cair. A minha vida segue firme com todo o meu ser concentrado nos meus 3 tesouros, tesouros que vou carregar sozinha, enquanto o meu corpo com fome de ti não desvanecer, enfim, fechando os olhos, que não quero abrir por já não te ver.

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