quarta-feira, 7 de maio de 2014

Nostalgia


       Nostalgia do tempo em que mamar de hora a hora era motivo de cansaço. Agora outros cansaços mais duros me rodeiam. Ver um filho a arrastar-se pelos cantos, triste, sem fome, sem sono. Que sentimento de impotência se apodera de mim. Sei de antemão que faz parte do crescer passar por momentos de tristeza, mas mesmo assim fico atordoada sem saber o que fazer ou dizer. Não sei se a tristeza é maior por perceber que os filhos crescem e nós, mães, deixamos de saber tudo sobre eles. Gostava de ser a amiga que ouve, mas não é esse o meu papel pois não? agora os amigos são mais importantes e o ónus do direito a partilharem dores é com eles. Sinto-me ultrapassada, será mais por aí que deveria tentar explicar o meu sentir. Sinto-me ultrapassada, o meu colo não é suficiente para acalmar as suas dores. Não ser suficiente magoa, não magoa? magoa...
Resta-me ficar aqui, não sair daqui. Que a chuva caia, que o sol brilhe, que o vento empurre tudo para longe, manter-me-ei firme, aqui neste local, com os braços prontos para a receber. Não sairei, nem por breves momentos, pode ela voltar, querer aninhar-se de novo no meu abraço e eu não falharei, estarei exatamente aqui. Ela agora vai voar um bocadinho e eu ficarei aqui, cansada dos meus voos, à espera que precise de mim.
 

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