sábado, 3 de maio de 2014

Silêncio


É no silêncio que me procuro. Tolero apenas a breve brisa e o cheiro intenso a maresia. Permito-me ser queimada pelo sol e escutar o barulho das ondas que vão e vêm em movimentos suaves. Perco-me nos passos calmos sentindo a água fria e a areia a fugir debaixo dos meus pés e procuro-me no silêncio das palavras que teimam em ser ditas. Dizer nada, nada ouvir. Ficar assim calada, a sentir. Nem vozes, nem gemidos, nem choros. Sentir apenas o silêncio que vem das coisas e calar. Calar as minhas palavras, calar os pensamentos que bailam na minha cabeça, calar a voz cansada de ser tudo ou nada. Procurar-me, sem chamar por mim, num silêncio que me baste e me sacie a fome de viver em paz.

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